Autor apostou em embate entre o bem e o mau para guiar enredo da Globo, mas obra não foi bem recebida pelo público
Em 6 de setembro de 1993, Olho no Olho estreava como nova novela do autor Antônio Calmon no horário das sete da Globo. Depois do sucesso de Vamp (1991-1992), Calmon decidiu seguir com textos voltados para a fantasia e apostou em trama com um demônio como vilão, mas a obra não alcançou as expectativas e arruinou a vida do dramaturgo.
Além de levar a uma queda nos números da emissora, a novela também marcou negativamente a vida do autor. No livro Autores, Histórias da Teledramaturgia, do Projeto Memória Globo, Antônio Calmon revelou que essa é a obra de que menos gosta em sua carreira. Ele narrou: “Porque existia a figura do demônio na história. Houve uma certa rejeição por parte do público. Além disso, minha vida particular ficou terrível na época. (…) Figura satânica, nunca mais!“.
Na trama, Alef (FelipeFolgosi) faz uma viagem até Machu Picchu, no Peru, para conhecer a caverna em que CésarZapata (ReginaldoFaria) encontrou a estátua do demônio-serpente, que é símbolo de seu poder maligno.
Lá, ele tem uma visão e descobre que Zapata teve relações sexuais com Walkíria (MariaZildaBethlem) enquanto estava possuído pelo demônio e Fred (NicoPuig), o vilão de Olho no Olho, foi concebido nesse momento, portanto, é filho do diabo.
Apesar de seguir a ideia fantasiosa de Vamp, Olho no Olho foi uma tentativa mais séria de novela e trazia o embate entre o bem e o mau sem o humor nonsense do sucesso anterior de Calmon. O jornalista Nilson Xavier, do site Teledramaturgia, apontam que mesmo com o esforço em transformar a novela em um drama adulto e tratar os personagens paranormais tratados de forma austera, Olho no Olho ficou marcada como uma obra trash.
Xavier lembra, ainda, que a novela estreou na época em que Mulheres de Areia, exibida na faixa das seis, estava nas últimas semanas e com uma audiência absurda. Mesmo assim, quando começava Olho no Olho, o público mudava de canal.