Um clássico da Globo sofreu com spoiler de seu final e deixou o autor revoltado, gerando um processo que rendeu uma indenização de 150 mil
Ti-Ti-Ti chegava às telinhas há 40 anos. A primeira versão do sucesso, escrita por Cassiano Gabus Mendes (1929 – 1993), teve diversos momentos brilhantes dentro e fora do folhetim. No entanto, uma das maiores polêmicas foi por conta de uma publicação da revista Amiga: o veículo antecipou o final e deixou o escritor furioso. O resultado foi um processo que durou anos e gerou uma indenização à família no total de 150 mil reais.
Estrelado por Reginaldo Faria e Luis Gustavo (1934 −2021) como Jacques Leclair e Victor Valentim, respectivamente, a obra foi ambientada no mundo da alta costura. Nilson Xavier, do Teledramaturgia, relembrou um trecho da obra “Gabus Mendes, Grandes Mestres do Rádio e Televisão”, de Elmo Francfort, em que as inspirações do autor para as personagens são reveladas: “Cassiano foi buscar inspiração novamente na alta-costura. Lembrou-se das brigas dos estilistas Dener e Clodovil Hernandes, ainda nos tempos da TV Tupi. Onde um estava, o outro não pisava. E vice-versa. Personagens reais, mas que pareciam ficção, de tão folclóricos eram. Em 1985, Dener já havia falecido e Clodovil continuava na moda, até participando das novelas de Gabus Mendes. Era um prato cheio para sua nova trama.”
Processo
Em suas últimas semanas, a polêmica tomou conta do mundo exterior da novela. A revista Amiga revelou desfechos da trama. Furioso, o autor entrou com um processo contra a Bloch Editores, responsável pela publicação do veículo. Ao todo, foram 10 anos de batalha judicial. A publicação da revista revelava 13 das 22 cenas do último capítulo.
Na época, a Folha de S. Paulo publicou sobre o caso: “Como não autorizara a divulgação antecipada dos diálogos, Gabus Mendes entrou com uma ação indenizatória contra a Bloch em março de 1986. Invocava a lei 5.988/73, que regula o direito autoral no Brasil. Baseava-se, principalmente, em três artigos: 4º, 29 e 30. Todos proíbem a reprodução de obra artística ou científica sem permissão do autor”.
Cassiano perdeu em duas instâncias: no Fórum Central de São Paulo e no Tribunal de Justiça de São Paulo. Em 1995, a ação se encerrava com uma vitória ao autor no Superior Tribunal de Justiça (STJ). A editora pagou 150 mil reais ao espólio do autor.
Furou a bolha
Victor Valentim lançou, na novela, o batom Boka Loka. Xavier pontua que o produto saiu das telinhas e foi comercializado pela Davene, se tornando um sucesso. Seu slogan era: “Pintou Boka Loka, o batom que vai dar o maior ti-ti-ti”.
Em 2010, Jorge Fernando (1955 – 2019) foi escalado para dirigir a nova versão. A adaptação ficou a cargo de Maria Adelaide Amaral. O remake, no entanto, juntou os personagens de outra trama de Cassiano, a novela Plumas e Paetês, de 1980.
Leia também: Novela da Globo se perdeu no enredo e afundou audiência há sete anos
FIQUE POR DENTRO DO MUNDO DOS FAMOSOS SEGUINDO A CONTIGO! NAS REDES SOCIAIS: