Um estudo feito por pesquisadores da Universidade da Pensilvânia (Estados Unidos) e publicado na revista Nature Human Behavior encontrou evidências de que usar o ChatGPT em processos de brainstorming pode resultar em ideias melhores, mas menos variadas.
Os participantes do experimento precisaram cumprir tarefas como trazer ideias de presentes, projetar brinquedos usando objetos comuns e reaproveitar itens de decoração. Os autores separaram as pessoas aleatoriamente e deram instruções para usar o ChatGPT, um buscador da web ou apenas sua própria intuição.
Em cada tarefa, o participante enviava uma sugestão, que era avaliada em critérios como inovação, utilidade, originalidade e efetividade, entre outros.
Mesmo nome de brinquedo para vários participantes
As ideias do grupo que usou a inteligência artificial receberam, em média, notas mais altas que as dos grupos que usaram busca da web ou não recorreram a nenhuma ferramenta. Por outro lado, os conceitos criados com a ajuda do ChatGPT foram os menos variados do estudo.
Na tarefa de criar um brinquedo com um tijolo e um ventilador, 94% das sugestões vindas da inteligência artificial “compartilhavam conceitos sobrepostos”. Nove dos participantes que usaram o chatbot trouxeram até o mesmo nome: “Build-a-Breeze Castle” (“Castelo da Brisa de Montar”, em tradução livre).
Já o grupo que usou a pesquisa na internet apresentou conceitos mais diversos, sem tanta interseção entre eles. Os autores consideram que o uso de IA pode ser um problema, já que a variedade de ideias é um elemento crucial para um bom brainstorming.
Contos mais divertidos e menos originais
Em julho de 2024, um estudo realizado por pesquisadores de universidades inglesas e publicado na Science Advances também indicou que o ChatGPT ajuda na criatividade, mas atrapalha a variedade — neste caso, na escrita criativa.
Os pesquisadores pediram que os participantes escrevessem um microconto de ficção, com apenas oito frases. Eles foram separados em três grupos. O primeiro deveria escrever sem ajuda da IA; o segundo poderia pedir uma ideia de três parágrafos gerada pela IA para começar a escrever; e o terceiro deveria receber até cinco ideias diferentes da IA para usar de inspiração.
Avaliadores independentes consideraram os contos criados com a ajuda da IA mais criativos, divertidos e bem escritos. Mesmo assim, eles eram mais similares entre si do que as histórias feitas sem auxílio da tecnologia.
“Embora estes resultados apontem para um crescimento na criatividade individual, há um risco de perder a inovação coletiva”, explica Anil Doshi, um dos autores do estudo. “Nossos experimentos sugerem que, se a indústria editorial apostar em mais publicações com inspiração gerada por IA, elas ficarão menos únicas e mais parecidas entre si.”
Com informações do Axios e do Science Daily